DIRETORA DAS POM BRASIL REFLETE SOBRE O PAPEL DAS MULHERES NA IGREJA COM O CONSELHO DE CARDEAIS
Na manhã desta segunda, 15 de abril, aconteceu a segunda sessão de trabalhos do Conselho de Cardeais, que contou com a presença do Papa Francisco. A diretora das Pontifícias Obras Missionárias (POM) do Brasil, irmã Regina da Costa Pedro, foi convidada para conduzir a reflexão, junto com Stella Morra, professora de teologia fundamental, e irmã Linda Pocher, professora de dogmática, na Faculdade Auxilum, das Salesianas.
Este encontro tem promovido a escuta de mulheres de diferentes lugares do mundo, ajudando na reflexão sobre a presença e o papel da mulher na Igreja. O último encontro foi realizado em fevereiro e também contou com a participação de três mulheres.
A voz de tantas outras mulheres
Segundo irmã Regina, esteve em pauta a questão cultural de estarmos vivendo não só uma época de mudanças mas uma mudança de época, avaliando como isso influencia no modo de viver a relação que a Igreja tem com a cultura.
“A professora Linda Pocher fez uma introdução, usando duas imagens bem interessantes: a primeira traz a referência sobre o livro dos Atos dos Apóstolos em que termina com o naufrágio do barco de Paulo, mas todos se salvam. A segunda imagem se refere à última ida de Jesus ao templo de Jerusalém, destacando sua profecia onde diz que tudo aquilo que vocês estão admirando não sobrará pedra sobre pedra (Lc 21, 5). Essas imagens nos dizem que, neste momento de mudança cultural completa, muitas vezes temos a sensação de que nada vai ficar de pé. No entanto, uma realidade nova aparece, pois Deus conduz a história para a salvação”, relatou irmã Regina.
Durante o encontro foi realizado um momento de conversa com os cardeais sobre a presença da mulher na Igreja e as relações culturais e históricas em cada realidade. Segundo irmã Regina, os cardeais contaram as experiências vividas em suas Igrejas locais, apresentando progressos e resistências com relação a este tema, assim como há consenso sobre a necessidade de que mudanças são necessárias.
“Depois das nossas falas, houve um momento de conversa, o Papa nos fez perguntas e nós respondemos, num diálogo que durou toda a manhã. O mais importante a ser destacado é que essa prática é absolutamente nova: cinco encontros, nos quais os Cardeais com o Papa escutam mulheres. Não falam sobre mulheres, mas escutam as mulheres falarem sobre suas próprias questões e se deixam interpelar”, destacou irmã Regina.
A diretora lembrou que durante o encontro fez referência ao texto bíblico da mulher cananeia (Mt 15, 21-28) que encontra com Jesus e que é escutada por ele. “Essa mulher insiste e é ouvida por Jesus. Esse momento que nós vivemos parece reviver essa experiência da mulher cananeia, sermos mulheres que são ouvidas e que trazem o grito e a voz de tantas outras mulheres”, finalizou Ir. Regina.
Os cardeais que compõem o C9
O Conselho de Cardeais, após a renovação do organismo pelo Papa em 7 de março de 2023, é composto pelos cardeais Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano; Fernando Vérgez Alzaga, presidente da Pontifícia Comissão para o Estado da Cidade do Vaticano e do Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano; Fridolin Ambongo Besungu, arcebispo de Kinshasa; Oswald Gracias, arcebispo de Bombaim; Seán Patrick O’Malley, arcebispo de Boston; Juan José Omella Omella, arcebispo de Barcelona; Gérald Lacroix, arcebispo de Québec; Jean-Claude Hollerich, arcebispo de Luxemburgo; Sérgio da Rocha, arcebispo de São Salvador da Bahia. O secretário é dom Marco Mellino, bispo titular de Cresima. A primeira reunião do novo C9 ocorreu em 24 de abril de 2023.
A instituição do Conselho de Cardeais
O Conselho foi estabelecido pelo Papa Francisco com o quirógrafo de 28 de setembro de 2013, com a tarefa de ajudá-lo no governo da Igreja universal e de estudar um projeto para a revisão da Cúria Romana – esse último realizado com a nova Constituição Apostólica Praedicate Evangelium, publicada em 19 de março de 2022. A primeira reunião do C9 foi realizada em 1º de outubro de 2013.
Com informações e fotos: Pom do Brasil Fonte: https://www.cnbb.org.br/