Arquidiocese de Botucatu

Mensagem de Dom Maurício para a Semana Santa 2020

Mensagem de Páscoa

Introdução:

Gostaríamos todos de celebrar na igreja a Santa Páscoa… nossas igrejas estão fechadas, nossos corações, porém, não podem se fechar… devem estar abertos a Deus e aos irmãos e irmãs… “Hoje não fecheis o vosso coração, mas ouvi a voz do Senhor!” – “Cristo por nós foi tentado, sofreu e na cruz morreu, vinde todos adoremos!”

Lembremo-nos que a Igreja nasce da provação e na tribulação; nasce da Cruz, do Sagrado Coração de Jesus, aberto pela lança,  do qual jorram sangue e água. Nasce missionária e itinerante em Pentecostes. Conduzida pelo Espírito Santo, vai se firmando, não a partir de templos ou seguranças deste mundo, mas de pequenas e autênticas comunidades capazes de amar como Jesus.

 

Rm. 5, 1-5

            “Assim, justificados pela fé, estamos em paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Por meio dele e através da fé, nós temos acesso à graça, na qual nos mantemos e nos gloriamos, na esperança da glória de Deus. E não só isso. Nós nos gloriamos também nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a perseverança, a perseverança produz a fidelidade comprovada, e a fidelidade comprovada produz a esperança. E a esperança não engana, pois o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.”

Atitude perante a situação: dois foram crucificados com Jesus.

Um se revolta contra Deus, contra tudo e todos, e cobra de Jesus uma solução, sem perceber que a solução – Salvação – está bem a seu lado e diante de seus olhos:  Jesus crucificado, fiel ao Pai até o fim e firme no amor até para com os inimigos.

O outro, São Dimas, está de olhos e coração abertos; observa atentamente o cenário todo; faz uma revisão de toda sua vida; se arrepende;  vê, percebe e reconhece que Jesus é Senhor e Salvador.

Queridos irmãos e irmãs, Páscoa é um processo de morte e ressurreição com Cristo, por Cristo e em Cristo, que se dá no dia-a-dia, no cotidiano da vida. Isto é, diariamente, mesmo nas pequenas coisas e acontecimentos. É preciso, pois, parar de se lamentar com os problemas e dificuldades que surgem diariamente, sobretudo nas relações humanas: marido e mulher; pais e filhos; irmãos e irmãos; vizinhos e vizinhos; companheiros de trabalho… E’ preciso parar de fugir da CRUZ do cotidiano, até mesmo na comunidade, na paróquia em que participamos. Muitas pessoas só sabem arranjar desculpas para uma atitude covarde e  reclamar  que na paróquia tem “fulano ou sicrano” que é “assim ou assado”; que o padre é “isso ou aquilo”…  É’ preciso vencer o medo de sofrer o que for preciso sofrer para resolver os problemas com amor e no amor. Afinal, sem os problemas do cotidiano, como aprender a perdoar e a pedir perdão? Como aprender a confiar em Deus de forma radical? Como aprender a amar e se deixar amar? Como aprender a dialogar com humildade e sabedoria? Como aprender a fazer e refazer a comunhão? Como aprender a se deixar santificar pelo Espírito Santo de Deus? Como aprender a ser instrumento de santificação para os outros?

Oremos junto com o Papa Francisco:

 “Ó Maria, Tu sempre brilhas em nosso caminho, como sinal de salvação e esperança. Nós nos entregamos a Ti, saúde dos enfermos, que na Cruz foste associada à dor de Jesus, mantendo firme a Tua fé. Tu, salvação do povo, sabes do que precisamos e temos a certeza de que garantirás, como em Caná da Galiléia, que a alegria e a celebração possam retornar após este momento de provação. Ajuda-nos, Mãe do Divino Amor, a nos conformarmos com a vontade do Pai e a fazer o que Jesus nos disser. Ele que tomou sobre si nossos sofrimentos e tomou sobre si nossas dores para nos levar, através da Cruz, à alegria da Ressurreição. Amém. Sob Tua proteção, buscamos refúgio, Santa Mãe de Deus. Não desprezes as nossas súplicas, nós que estamos na provação, e livra-nos de todo perigo, Virgem gloriosa e abençoada”.

Recomendações:

  • Cada casa, igreja doméstica, procure montar um pequeno altar;
  • Sobre o altar devem estar a Sagrada Escritura, um crucifixo e uma vela a ser acesa durante as celebrações;
  • Reunir a família com ao menos meia hora de antecedência para criar um clima de silencio e oração; pode-se recitar o santo Rosário e cantar os hinos próprios mais conhecidos.
  • No Domingo de Ramos, pode-se ornar a casa com ramos, inclusive na parte externa, para aclamar Jesus como Senhor e Salvador.

 

Desejo a todos uma Santa e Feliz Páscoa do cotidiano e no cotidiano da vida!

+Maurício Grotto de Camargo

Arcebispo Metropolitano de Botucatu

 

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