Papa aos Idosos: salvaguardar as raízes, transmitir a fé aos jovens e cuidar dos pequeninos
Na manhã desta terça-feira (22) foi divulgada a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos que será celebrado no 4° domingo de julho, neste ano, no dia 25. O Papa Francisco escreveu sua mensagem colocando-se lado a lado com os idosos, e iniciou afirmando:
“’Eu estou contigo todos os dias’ (cf. Mt 28, 20) é a promessa que o Senhor fez aos discípulos antes de subir ao Céu; e hoje repete-a também a ti, querido avô e querida avó. Sim, a ti! ‘Eu estou contigo todos os dias’ são também as palavras que eu, Bispo de Roma e idoso como tu, gostaria de te dirigir por ocasião deste primeiro Dia Mundial dos Avós e dos Idosos: toda a Igreja está solidária contigo – ou melhor, conosco –, preocupa-se contigo, ama-te e não quer deixar-te abandonado”.
Depois de ter recordado as perdas e sofrimentos por causa da pandemia o Papa consolou:
Francisco explica o motivo pelo qual proclamou justamente neste ano o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos:
“Mesmo quando tudo parece escuro, como nestes meses de pandemia, o Senhor continua a enviar anjos para consolar a nossa solidão repetindo-nos: ‘Eu estou contigo todos os dias’. Di-lo a ti, di-lo a mim, a todos. Está aqui o sentido deste Dia Mundial que eu quis celebrado pela primeira vez precisamente neste ano, depois dum longo isolamento e com uma retomada ainda lenta da vida social: oxalá cada avô, cada idoso, cada avó, cada idosa – especialmente quem dentre vós está mais sozinho – receba a visita de um anjo!”.
Os anjos que ajudam
O Papa recorda que o “anjo enviado por Deus, pode ter o rosto de um familiar, de um conhecido”, mas o Senhor “envia-nos os seus mensageiros também através da Palavra divina, que Ele nunca deixa faltar na nossa vida. Cada dia, leiamos uma página do Evangelho, rezemos com os Salmos, leiamos os Profetas! Ficaremos comovidos com a fidelidade do Senhor”.
Idosos evangelizadores
E alerta os idosos:
E reitera: “Não existe uma idade para aposentar-se da tarefa de anunciar o Evangelho, da tarefa de transmitir as tradições aos netos. É preciso pôr-se a caminho e, sobretudo, sair de si mesmo para empreender algo de novo”. Francisco recorda também que alguns idosos podem até afirmar que não têm condições por um motivo ou outro, porém logo encorajou-os: “Isso é possível – responde o Senhor –, abrindo o próprio coração à obra do Espírito Santo, que sopra onde quer. Com a liberdade que tem, o Espírito Santo move-Se por toda a parte e faz aquilo que quer”.
E citou mais uma vez palavras que já afirmara em outras ocasiões: “Da crise que o mundo atravessa, não sairemos iguais: sairemos melhores ou piores”. “Ninguém se salva sozinho. Devedores uns dos outros. Todos irmãos”.
Três pilares para a nova construção
“Nesta perspectiva – continua o Papa – quero dizer que há necessidade de ti para se construir, na fraternidade e na amizade social, o mundo de amanhã: aquele em que viveremos – nós com os nossos filhos e netos –, quando se aplacar a tempestade. Todos devemos ser ‘parte ativa na reabilitação e apoio das sociedades feridas’”. E sugere três pilares sobre os quais sustentar esta nova construção: os sonhos, a memória e a oração”. E explica:
Aliança entre jovens e idosos
Ao falar sobre sonhos dos idosos e visões dos jovens o Pontífice ponderou: “O futuro do mundo está na aliança entre os jovens e os idosos. Quem, senão os jovens, pode agarrar os sonhos dos idosos e levá-los por diante? Mas, para isso, é necessário continuar a sonhar: nos nossos sonhos de justiça, de paz, de solidariedade reside a possibilidade de os nossos jovens terem novas visões e, juntos, construirmos o futuro. É preciso que testemunhes, também tu, a possibilidade de se sair renovado duma experiência dolorosa”.
Recordar é viver
Francisco leva seu pensamento também ao entrelaçamento entre sonhos e memória e afirma: “Penso como pode ser de grande valor a memória dolorosa da guerra, e quanto podem as novas gerações aprender dela a respeito do valor da paz”. “Recordar é uma missão verdadeira e própria de cada idoso: conservar na memória e levar a memória aos outros” afirma o Papa. Depois de recordar Edith Bruck sobrevivente do Holocausto que afirmou ‘mesmo que seja para iluminar uma só consciência, vale a pensa a fadiga de manter a recordação do que foi…. para mim recordar é viver’, o Papa continua encorajando mais uma vez: “Penso também nos meus avós e naqueles de vós que tiveram de emigrar e sabem quanto custa deixar a própria casa, como fazem muitos ainda hoje à procura dum futuro. Talvez tenhamos algum deles ao nosso lado a cuidar de nós. Esta memória pode ajudar a construir um mundo mais humano, mais acolhedor. Mas, sem a memória, não se pode construir; sem alicerces, tu nunca construirás uma casa. Nunca. E os alicerces da vida estão na memória”.
A Oração
Por fim, a oração. “A tua oração é um recurso preciosíssimo: é um pulmão de que não se podem privar a Igreja e o mundo”, disse o Papa. “Sobretudo neste tempo tão difícil para a humanidade em que estamos – todos na mesma barca – a atravessar o mar tempestuoso da pandemia, a tua intercessão pelo mundo e pela Igreja não é vã, mas indica a todos a serena confiança de um porto seguro”.
O Papa Francisco conclui sua mensagem com um auspício: “ Oxalá cada um de nós aprenda a repetir a todos, e em particular aos mais jovens, estas palavras de consolação que ouvimos hoje dirigidas a nós: ‘Eu estou contigo todos os dias’. Avante e coragem! Que o Senhor vos abençoe”.
FONTE: VATICAN NEWS