Seminaristas da Arquidiocese relatam suas experiências missionárias
Desde o mês de fevereiro, os seminaristas Edenilson Aparecido das Neves, Bruno Francisco e Rafael Paixão realizam seu ano pastoral fazendo uma experiência missionária em realidades bastante diversas, mas que espelham a grandiosidade da ação missionária da Igreja Católica no Brasil. Confira abaixo:
Relato da experiência do seminarista Edenilson Aparecido das Neves
“Iniciei minha experiência do ano pastoral no dia 08 de fevereiro deste ano. No início o primeiro sentimento é o medo. Sempre o novo se apresenta dessa maneira, o que diferencia, e a maneira como vamos encará-lo. Neste sentido, a fé e a confiança em Deus se tornam sempre as grandes alavancas que impulsionam o missionário a seguir em diante. Assim me vi chegando na diocese de Óbidos estado do Pará naquele dia.
A primeira coisa que me encantou antes mesmo de chegar na diocese foi o rio Amazonas e a floresta Amazônica que cercava a beleza daquelas águas. Quanta beleza a se admirar no caminho ao desconhecido. Confesso que a segunda paixão, agora já em terra firme, foi o suco de cupuaçu. Suco este que não deixei de tomar até hoje. (Risos)
Estou fazendo minha experiência pastoral na cidade de Curuá, que pertence a diocese de Óbidos, na paróquia São Raimundo Nonato. Atualmente temos 54 comunidades em nosso território, a maioria delas estão em região de várzea.
É interessante o contato com outra cultura, aprendemos muito com seu jeito de ser. Está sendo uma realidade totalmente diferente. Em vez de rodovias e ruas temos os rios e os igarapés que nos proporcionam os caminhos para se chegar nas comunidades. E quanta alegria quando lá se chega, os sinos tocam, as pessoas saem das suas casas e vem para a capela para em comunidade celebrar a alegria do Cristo Ressuscitado.
“Bora lá baixar pra beira”, como dizem lá, é o momento de por mochila nas costas, dobra a barra da calça, tirar as sandálias dos pés, entrar na água, e entrar na rabeta ou na bajara, e lá se vai uma, duas ou três horas rio acima em meio a igarapés para se chegar nas comunidades.
Umas das maiores experiências foi passar a Semana Santa na região ribeirinha da área missionária Esmeralda Lopes, quase já não se tinha terra para se pisar, para fazer as visitas aos enfermos durante o dia precisa ir de canoa de casa a casa e assim chegávamos também nas capelinhas, todos nós.O estacionamento não se formava por carros, mas sim por canoas e botes que se enfileira ao redor da capela que já é rodeada pelas águas que sobem.
Descobri com aquele povo que para ser feliz não se precisa de muita coisa, somente de uma casa de tábua com seu teto de palha, umas escápulas para por a sua rede o peixe e um punhado de farinha para se fazer o pirão. A felicidade se encontra nas coisas simples da vida.
Ainda faltam quatro meses de missão é agradeço a Deus por todas as suas graças. Voltei esses dias para uma convivência com outros seminaristas mas dia 13 já estarei voltando para o Pará. Agradeço ao Dom Bernardo, bispo diocese de Óbidos- Pará, ao Padre Nilton, pároco de Curuá e as comunidades da Paróquia São Raimundo pela acolhida. Agradeço de maneira especial a nossa Arquidiocese de Botucatu pela oportunidade desta experiência. Peço a oração de todos, para que a cada dia possa eu ter mais força para me empenhar mais neste trabalho missionário. Deus abençoe.”
Relato da experiência do seminarista Bruno Francisco
Desde o dia 07 de fevereiro do corrente ano, realizo meu estágio Pastoral na Fazenda da Esperança Pe. Ibiapina, localizada no município de Alhandra, estado da Paraíba. Através de uma rotina diária de oração, trabalho e convivência, a Fazenda da Esperança oferece aos seus acolhidos a oportunidade de um novo estilo de vida, baseada no amor a Deus e ao próximo. Ao longo desses meses de residência e participação na rotina da Fazenda, sendo enviado em nome de nossa Arquidiocese, e fazendo a experiência de uma ‘Igreja Samaritana e em saída’, posso constatar de modo concreto, através da partilha de
experiências , as maravilhas que a Misericórdia de Deus opera na vida de quem realmente abre o coração à sua Graça. Graça essa que transforma sofrimento em alegria, dor em segurança e desânimo em esperança.
Relato da experiência do seminarista Rafael Paixão
Estou fazendo a experiência de estágio pastoral missionário na cidade de Ribeirão das Neves, localizado na Região metropolitana de Belo Horizonte, desde o dia 29 de janeiro próximo passado. Nesta experiência destaco três pontos.
Sair. A primeira experiência que destaco é a experiência de saída. Não apenas a saída exterior, de deslocamento, mas aquela experiência interior, de sair de nosso comodismo, de sair de nossas “seguranças” para experimentar o novo. Fazer aquela experiência de Abraão que deixa suas terras, sua família para enfrentar uma jornada em busca do novo, de novas terras, novas experiências (Gn 12,1). A experiência de saída para o novo, mas com a certeza que o Senhor é quem nos indica o caminho e que caminha conosco.
Armar a tenda. Esse foi o segundo passo que experimentei nessa experiência pastoral. Armar a tenda é encarnar-se na realidade para onde fomos enviados, é deixar-se tocar pelas experiências do povo, suas experiências de fé, suas experiências de vida. Buscar ter olhar do Bom Pastor que olha a multidão e tem compaixão das suas ovelhas (Mt 9,36), fazer a experiência do poeta que olhando a multidão, busca ver em cada rosto seus mistérios, sofrer e ilusão. Neste olhar aprender também com a organização das oito Comunidades como redes de comunidades, o engajamentos dos fiéis em todas as atividades da Paróquia.
O amor de Cristo nos uniu. Uma das primeiras dificuldades na saída é deixar sua família, amigos, pessoas próximas. Chegar diante de novas pessoas, começar novos laços, construir novas relações. Contudo, nessa experiência missionária essa máxima: “Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo”, torna-se realidade. Saber que o amor de Cristo que nos envia a missão, também nos une. Sentir-se acolhido pelo povo mineiro, sentir-se querido, me faz ver que realmente o amor de Cristo nos une, e nos ajuda a criar novos laços.
Enfim, essa experiência Pastoral missionária tem me feito crescer na minha dimensão humano-cristã e na minha vocação rumo ao ministério ordenado. Compreender a diversidade de nossa Igreja Católica me faz ver sua riqueza, riqueza de expressões, manifestações de fé, modos de vivenciá-la, porém uma diversidade que não rompe sua unidade, pelo contrário a enriquece e a fortalece. Peço que rezem por mim e por meus irmãos de caminhada, para que retornando de nossas missões, possamos também enriquecer nossa Igreja Particular, com as experiências que estamos fazendo e assim possamos contribuir com a edificação da Igreja.