Uma reunião da verdade e da falsidade à luz do desmaio
Chegando ao hospital, por incrível que pareça, sem demora, como se costumava acontecer por vários anos e em diversas ocasiões, Incógnita foi atendida, sendo encaminhada da emergência pra uma internação urgente. Isso foi algo que – inicialmente – causou espanto desde ao que lhe acompanhara como aos próprios médicos. Ao saber que em um simples desmaio se precisava ter tamanha cautela. Em contraste a tudo aquilo se revelava uma dúvida: “o que era aquele desmaio?”.
Para tentar responder tal desconfiança o médico que lha atendeu quis saber seu quadro clínico investigando Atingo, o qual lhe expôs tudo que sabia sem usar de sofismas, mas revelou-lhe a síntese mais orgânica do que sabia.
Contudo, o “médico espiritual” ficou surpreendido com a manifestação daquele Médico porque anotava o que lhe colhia de informação. Pra ele anotar aquela sabedoria existencial que obtinha de sua mais nova paciente fez uso de uma pasta.
Foi interrogado pelo “médico espiritual”: _“O que ela tem é grave?”. Ouvindo isso, o Médico parou de escrever e fitou-lhe os olhos. Respondeu: “não digo somente que seja grave, senão que é gravíssimo seu quadro clínico”. Deste modo, o Médico deixou todos e partiu o mais depressa possível para fazer o pedido de todos os exames. Ela, com efeito, fez todos os exames, porém não voltava do desmaio.
Uma equipe médica foi montada. Cada médico, atuando em sua área específica, corria contra o tempo. No entanto, Atingo se perguntou: “qual é a verdade que todos olham?”. Sabia mesmo que a verdade não seria forjada dos resultados daqueles exames, ao passo que a apreendia não no resultado, antes na própria coisa, em Incógnita.
Sim. Acreditava que a verdade estava dentro daquela paciente, no fundo do seu existir. Nenhuma tendência daqueles médicos seria capaz de uma “outra verdade”. Isso se fosse admissível seria a miscelânea da verdade e da falsidade.
A verdade que permanecia na paciente e, por outro lado, a falsidade que poderia se demonstrar nos professos resultados dos exames seria, sim, “outra verdade”, mas não a verdade existencial que se encontra, de forma viva e concentrada, dentro da paciente.
Atingo, pois, reconhecia o alcance universal da verdade partindo do próprio sujeito detentor dela, que na sua intrínseca existência se revela. Assim, para se conhecer a verdade que se acha na paciente era imperioso que ela lhe desvendasse. Caso isso não acontecesse o que se conhecia dela era somente a “outra verdade”; a verdade de outrem, não a verdade exprimida a partir de verdade existencial.
Enquanto isso, os médicos buscavam nos exames os critérios que estivessem relacionados a ela. O critério foi de grande assimilação para os médicos, tirando várias ideias diferentes. Tiveram os resultados dos exames? Os médicos antes dos resultados, e “já com eles” (pois pela devida circunstância já estavam quase cônscios de ser uma doença séria, a qual lhes era desconhecida) se reuniram (Excerto do Livro “A Incógnita de Cully Woskhin”, 2018).
Texto: Joacir S. d’Abadia, padre, autor de vários livros