Pe. Júlio Lancellotti, vigário episcopal da Pastoral de Rua da Arquidiocese de SP conversou com os seminaristas de Botucatu
No último domingo, 30 de agosto, os seminaristas da etapa do Discipulado e da Configuração, residentes na Fraternidade Sant’Ana, a casa de formação da Arquidiocese de Botucatu em Marília – SP, tiveram o privilégio de ter um momento formativo com o Padre Júlio Renato Lancellotti, Vigário Episcopal da Pastoral de Rua da Arquidiocese de São Paulo. O encontro ocorreu através da plataforma GoogleMeet.
Padre Lancellotti compartilhou com os candidatos ao ministério ordenado a sua experiência com a Pastoral das pessoas em condição de rua, tendo em vista, que ele é conhecido por esse trabalho com os irmãos menos favorecidos. Padre Julio não considera que ‘trabalha’ com os irmãos em situação de rua, mas que convive com eles, e tal como toda convivência é um desafio. “Pessoas em situação de rua não são anjos e nem demônios, são pessoas” afirmou o clérigo paulistano.
O ardor profético que permeia a vida deste padre é notável diante de sua atitude no período pandêmico. Como ele mesmo afirmou, nesse período a população que mora nas ruas tem aumentado ainda mais. É normal que pessoas do grupo de risco se isolem socialmente nesse período para que não coloque sua vida em perigo. No entanto, mesmo com seus 71 anos Padre Júlio não deixou um dia sequer de atender os preferidos do Senhor.
É muito comum tratarmos tais pessoas como ‘pessoas de rua’, quando o termo correto é ‘pessoas em situação de rua’, visto que estar sem um teto para morar não determina quem é ou não a pessoa, por isso ‘em situação de rua’. Todo homem deve ter sua dignidade reconhecida. A Igreja sempre coloca como os pobres como opção preferencial. Como afirma o Papa Francisco, os pobres tem muito a nos ensinar pois participam das dores de Cristo, e por isso é necessária uma Igreja pobre para os pobres (EG, 198).
Estar no processo formativo para o ministério ordenado é um constante configurar-se a Cristo Jesus, o Servo de Deus. ‘Essa configuração é muito exigente – Diz o Padre Júlio – pois a lógica do mundo é sempre ganhar, e Jesus ensina o caminho oposto’. O presbítero é aquele que dia-a-dia deve buscar configurar-se ao Pobre de Nazaré, vivendo uma vida austera e essencial, compartilhando a vida dos mais necessitados, dos apóstolos e de Jesus, que de rico se tornou pobre (GE, 70).
Texto: João Vitor P. Sant’Anna, seminarista da Etapa da Configuração.